As áreas rurais de baixa densidade (ARBD) estão, aparentemente, perante um dilema insolúvel, qual seja, o de fazer mais e melhor com menos recursos. Dizemos “aparentemente” porque a baixa densidade, sendo, também, um problema de “stock”, é, antes de mais, um problema de prioridades políticas e de organização sócio-económica. Quer dizer, os recursos não são escassos, tornam-se escassos, por virtude de sistemas de valores, modelos de consumo, políticas públicas, organização sócio-económica e rede urbana desajustados ao potencial de recursos existente.

No território próprio das áreas rurais de baixa densidade e, confrontados, abruptamente, com graves disfunções sócio-territoriais, estamos obrigados a lidar com problemas de “banco de urgência” e de microgeoeconomia real, cuja resolução não cabe nos padrões normalizados da economia convencional, geralmente de inspiração bancário-financeira, por um lado, e de cultura burocrático-administrativa, por outro.

Neste contexto, o princípio fundador da ecosocioeconomia é fundamental. Trata-se de conceber, programar e gerir, em conjunto e em condições adversas, os ecossistemas, as relações sociais e os sistemas produtivos locais e respectivos mercados, aproveitando o sentido positivo das suas interdependências e complementaridades. Fazendo isto, estamos em melhores condições de prever, prevenir e preparar a comunidade local-rural para todas as ocorrências. Para o efeito, e para dar conteúdo prático e objectivo a um programa específico de valorização das áreas rurais de baixa densidade, ensaia-se o que designamos como uma metodologia para a baixa densidade, que é, também, uma metodologia para a intervenção sócio-comunitária em áreas rurais desfavorecidas.

A causa próxima desta comunicação é a realização de duas reuniões nacionais, em Mértola e Carrazeda de Ansiães, relativas à problemática das áreas rurais de baixa densidade. Esta comunicação beneficia das conclusões dos dois encontros de que fui o principal relator (A. Covas).